Samuel Abade
Nasceu em Belo Horizonte e cresceu em Itaobim. Atualmente mora em Lavras, também Minas Gerais. Graduando, estudante de Engenharia Florestal na Universidade federal de Lavras (Ufla). É poeta e folião do Vale do Jequitinhonha - Apreciador do Grupo de poetas e escritores do Vale do Jequitinhonha.
Cada arte que retrata o Vale do Jequitinhonha atribuo como premiação e homenagem a minha origem, a satisfação de validar o cenário do Vale através da arte, é por si só, uma grande homenagem a minha pessoa.
Leia um pouco de Samuel Abade
CORAL DE SILÊNCIOS
Na beira do rio, menino, vi canoeiros falar a língua das águas.Um idioma que se firmou como canto
Somente quem canta as asperezas da partida,fala com as águas do meu rio Jequitinhonha.
Entre tons de saudade e empolgação, canoeiros criavam conversas com as águas do meu rio.
Entre tons de saudade e empolgação, canoeiros
criavam conversas com as águas do meu rio.
O rio retribuía, os levando depressa, mesmo com leves remadas
O rio retribuía, os levando depressa, mesmo com
leves remadas
O motor das canoas era a força do canto. Quanto mais alto se cantava no quintal de uma canoa, o rio respondia.
Quanto mais alto se cantava no quintal de uma canoa,
o rio respondia.
Um canoeiro nunca esteve só.Era um coral da voz do rio e suas vozes.
Por vezes mantiveram-se silenciosos, quando o rio quer respirar, os canoeiros calam.Quando os canoeiros querem chorar, o rio confunde suas lágrimas...Os chamando pra nadar
Por vezes mantiveram-se silenciosos, quando o rio
quer respirar, os canoeiros calam.
Quando os canoeiros querem chorar, o rio confunde
suas lágrimas...
Os chamando pra nadar
Na beira do rio, menino, vi um canoeiro que não queria voltar.
Na beira do rio, menino, vi um canoeiro que não
queria voltar.
Atravessado o rio, quisera ficar, falando ao rio em prosa de canto:- Vou tentar outras margens, meu rio, leve meus parceiros pra casa...Ao que o rio, em tom de engasgo, pôs se a gaguejar afundando sua canoa...- Volte a cantar, meu rio, quem canta não gagueja, desprenda-se desse soluço, eu quero mesmo tentar outras margens...
Atravessado o rio, quisera ficar, falando ao rio em
prosa de canto:
- Vou tentar outras margens, meu rio, leve meus
parceiros pra casa...
Ao que o rio, em tom de engasgo, pôs se a gaguejar
afundando sua canoa...
- Volte a cantar, meu rio, quem canta não gagueja,
desprenda-se desse soluço, eu quero mesmo tentar
outras margens...
O rio não mais o respondia, o canoeiro perdeu o diálogo com o rio quando deixou de cantar o agudo da partida.
O rio não mais o respondia, o canoeiro perdeu o
diálogo com o rio quando deixou de cantar o agudo
da partida.