Não tem remetente
Nem letra legível
A carta que recebi,
Não tem início nem fim
Com certeza eu não a li.
É uma carta dúbia
Não lida, adivinhada,
Veio com estranha assinatura
E com in-certeza de vendaval,
Não trouxe esperança
Só desespero e dor
E sete lâminas de punhal
Agudas e dilaceradoras
Com nítido gosto de sal.
Escrita em velhos pergaminhos
Com álgida e cinérea
Tinta de fel.
Escrita por mão invisível
Não sei se longa ou breve
Mas sua data é de nunca
E veio selada com espinhos,
Seu carimbo é uma cruz,
Só fala de dores e renuncias
E de caminhos que conduz
Ao nunca ou a lugar nenhum.